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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

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07
Abr21

A Arte de Elogiar

Educação

De um modo geral, não fomos elogiados quando éramos crianças. Também não fomos incentivados nem aprendemos a elogiar os outros. Muitos de nós ainda hoje ficam desconfortáveis quando são elogiados e caiem na armadilha de desvalorizar o elogio que lhes é oferecido.

Para que os nossos filhos não percorram o mesmo destino, precisamos de estar atentos para semear um caminho de maior autoestima e empatia. A crítica e o julgamento levam, tal como nos levaram a nós, a estratégias de defesa e de autoproteção, culminando em inseguranças internas e naquela nossa inconfessável falta de autoconfiança.

Porém, não são só os elogios que recebemos que regam a nossa autoestima. Há estudos científicos que apontam para uma tendência de as pessoas se definirem umas às outras de acordo com os três adjetivos que cada um mais utiliza. Ou seja, ao elogiarmos criamos uma corrente positiva em que as palavras que usamos para elogiar o outro ou as circunstâncias, constroem a perspetiva que os outros têm sobre nós. Assim, quanto mais elogiamos, mais o elogio que fazemos passa a fazer parte de nós, mais cadeias positivas se instalam e mais incorporamos esses aspetos positivos na nossa autoestima.⁣

Assim sendo, aprender a dar e a receber elogios é uma premência de adultos e crianças. E a melhor maneira de o conseguir fazer de uma forma eficaz, é fazê-lo juntos. Esta é uma excelente possibilidade de crescimento familiar, em bem-estar e felicidade.

Como elogiar? Como elogiar qb, duma forma que seja eficaz e adequada, e na quantidade certa? Como saber o como e o quando? Só a experiência proporcionará as referências sobre o que é melhor para cada criança e para cada família. Contudo, aqui ficam algumas pistas.

Um elogio, para funcionar e ser acolhido e integrado no sistema de crenças da pessoa, deverá ser verdadeiro, específico e concreto, congruente e oportuno. Ui… tanta coisa! Não obstante, como tudo o que aprendemos de novo, parece complicado ao início, mas com a prática, vai-se tornando fácil e até automático.

Os REFORÇOS POSITIVOS ou elogios são mais eficazes quando focados no processo (no MODO DE ESTAR) e nas qualidades e habilidades passíveis de desenvolvimento, e não em atributos inatos e imutáveis (no MODO DE SER), como por exemplo “és muito lindo/inteligente”. Direcionados dessa forma, os elogios incentivarão a pessoa a acreditar mais nas suas próprias capacidades, bem como a estimularão a desenvolvê-las ainda mais.

Por exemplo, em vez de dizer: "És muito bom a andar de bicicleta”, dizer “És muito corajoso a aprender a andar de bicicleta".

Elogios do género: “És tão esperto, és tão inteligente, és tão bom”  … não só não funcionam como fazem com que a criança/adolescente fique com medo de arriscar, com medo de falhar e de não corresponder à (elevada) imagem que as pessoas têm dela. A alternativa é reforçar-lhe a confiança em si mesma, promover o seu amor-próprio, a sua confiança, o seu esforço … evidenciando as conquistas do processo e não só o resultado.

Existem aspetos a ter cuidado, pois, estando presentes, retiram o PODER DO ELOGIO. É muito importante que não se banalize o elogio, que não se façam elogios comparativos com outras pessoas (não recorrer à comparação!), que não se antecipem recompensas antes do processo concluído e que não se exagere na forma e na frequência do elogio.

Um elogio credível na hora e momento certo pode fazer milagres com qualquer pessoa. E ainda, para além desses benefícios individuais e pessoais, a troca saudável de elogios em ambiente familiar e escolar será sempre uma central e impactante mais-valia na prosperidade emocional e cognitiva do próprio sistema.

Porém, é necessário não exagerar para que não se crie uma dependência emocional do reforço externo, dando espaço e permitindo à criança/jovem que encontre também a sua própria motivação independentemente da aprovação dos outros.

Aspetos a elogiar no dia-a-dia familiar e/ou escolar:

  • Diariamente, descrever o que se vê: “Uau, que quarto/material arrumado e limpo!”
  • Descrever o que se sente: “Gosto muito de estar contigo/ser teu professor”
  • Ajudar a avaliar o resultado tendo em consideração a sua opinião: “O que pensas sobre isto?”
  • Demonstrar que se confia: “Confio/Acredito em ti”
  • Reconhecer o esforço e/ou sofrimento: “Vejo que trabalhaste muito para conseguires isto”
  • Agradecer a ajuda e a contribuição: “Isso ajuda-me muito, muito obrigada”
  • Agradecer o tempo que passam juntos: “Obrigada por estares aqui comigo/me dares atenção”

As crianças e os jovens, por terem o seu cérebro límbico (emocional) pronto e o seu cérebro racional ainda em desenvolvimento tornam-se “esponjas“ emocionais, sem muita capacidade de filtrar cognitivamente aquilo que é dito pelos adultos (quanto mais novas mais a sua capacidade de abstração está ainda por desenvolver). Devido a este facto, devidamente comprovado pela neurociência, qualquer mudança que os pais/professores façam na forma de abordar e de se relacionar com os seus filhos/alunos, originará rápidas mudanças nas crianças também.

Estamos todos no mesmo barco, mas quem tem o leme na mão é o adulto! Aproveite para incentivar a criança/jovem a elogiá-lo também a si, e já agora receba o elogio dela com genuína atenção e afeição.

Quer uma dica para receber melhor os elogios? Sempre que alguém o elogiar, sorria e agradeça. Não ignore, não rejeite, não menospreze, não disfarce com palavras vãs, nem se apresse a devolvê-lo. CALA-SE, respire, simplesmente agradeça e sorria!

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