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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

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18
Mar21

A arte de escutar para compreender

Educação - Relacionamentos

Muitos de nós, a maioria … ouve mais para responder do que para compreender …

Não é uma crítica. É um facto, consequência do nosso crescimento e formação, da nossa perspetiva sobre aquilo que os outros esperavam e exigiam de nós quando erámos crianças. Aprendemos a ouvir para responder. Aprendemos a ter medo de errar. Aprendemos a estar à defesa. Aprendemos a sobreviver. E também aprendemos que sobreviver é dar a resposta certa (entenda-se a resposta esperada)!

Por isso é muito natural que estejamos mais “programados” para “OUVIR PARA RESPONDER” do que para “OUVIR PARA COMPREENDER”.

Qual foi a última vez que, antes de responder com uma crítica ou um comentário sobre algo que discordava, se permitiu parar e olhar com curiosidade genuína para as coisas importantes que o outro dizia?

Qual foi a última vez que, antes de responder, se permitiu deixar de lado o seu ponto de vista e tentar ver as coisas da perspetiva do outro, apenas e só com a intenção de o compreender?

E … qual foi a última vez que EU, que agora vos escrevo, também o fiz? Pois, não com tanta frequência quanto o desejo, mas está tudo bem … é um caminho que se aprende a trilhar!

Que não se pense que sou dotada de extraordinárias habilidades e venho para aqui ensinar. Apenas posso estar eventualmente um pouco mais sensível a este assunto e ter esta vontade de fazer melhor, de acolher e de partilhar aquilo que me parece poder ajudar.

Acredito que a nossa vida se rege muito pela qualidade das nossas relações, sejam elas pessoais, profissionais ou familiares. E saber escutar de forma ativa e disponível para entender, em vez de reagir ou automaticamente responder, pode trazer um acrescido bem-estar, compreensão e satisfação pessoal, profissional e familiar aos nossos dias.

No que se refere à educação das nossas crianças e jovens, muito se poderá dizer. Uma das principais DORES DE INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA, é de dor de se sentir constantemente incompreendido, julgado e criticado. Estão lembrados? Então porque nos esquecemos como, nessa altura, foi tão difícil para nós suportar essa dor e agora repetimos padrões dos nossos pais com os nossos filhos ou alunos?

Frequentemente ouvimos pais a afirmar que não conseguem comunicar com os seus filhos, que eles não os ouvem, que o que dizem não surte o efeito que desejam. Vale a pena parar para pensar em que ponto do ciclo da comunicação o fluxo foi cortado e como o podemos reatar.

E os pais explicam que tentam falar com os filhos, que se tentam interessar e fazer-lhes perguntas, mas que eles “fogem” e se “escondem” com respostas minimalistas e/ou totalmente insatisfatórias, tipo: “Correu tudo bem” ou “Nada de especial” ou “Ok” ou “Hum, hum”.

Duas questões se colocam: As perguntas que habitualmente fazemos serão as melhores perguntas para conduzirem às respostas que desejamos? Sobre este tema escrevi um pouco num artigo anterior neste mesmo blog – remeto-vos para lá: "A Arte de Perguntar".

A outra questão é: Será que quando perguntamos, estamos verdadeira e plenamente abertos á resposta, ou apenas perguntamos para confirmar, avaliar ou julgar, e desse modo (acreditamos nós) poder ajudar?

Uma boa conversa começa com uma simples pergunta: “Conta-me mais sobre isso …” ou “Para eu entender, o que poderia ser isso para ti?”

Porém, para que um bom início se materialize numa efetiva boa conversa, estas perguntas terão de serão seguidas duma ESCUTA ATIVA E INCLUSIVA.

Algo como: Entendi que me estás a dizer que não queres ir à escola. De acordo com o teu ponto de vista, como poderia ser para tu aprenderes e desenvolveres as tuas capacidades e habilidades?“

Para se conseguir construir uma BOA CONVERSA (não, não nasce de geração espontânea) tem de existir presença, conexão e um sentido biunívoco da comunicação. E para tal, não basta perguntar. É preciso saber escutar!

E quanto mais os pais e/ou professores de crianças e adolescentes aprenderem (sim, aprenderem!) a escutar, melhor e mais tranquila será a comunicação.

Uma BOA ESCUTA necessita ser:

- Ativa, com atenção plena, focada na criança ou no adolescente (sem interferências);

- Recetiva e acolhedora, com interesse genuíno no que a criança ou jovem tem a dizer, sem reações apressadas, comentários julgadores ou “mas” …

 - “Validativa”, ou seja com emissão de um sinal de que aquilo que está ser dito é válido e digno de ser considerado. A validação abre as portas do coração!

 - Inclusiva, que incluí aquilo que foi dito na construção duma possível solução;

 - Pró-ativa, ou seja, deve ser consequente e de alguma forma útil, sendo colocada em prática nas realizações que se seguem a essa conversa.

Só assim as crianças, os jovens ou qualquer pessoa, se poderá sentir verdadeiramente escutada, acolhida e incluída. Porque quando assim não é … todos vamos vivendo com aquela permanente e insistente sensação de que não somos ouvidos …

É tempo de PARAR, OLHAR e ESCUTAR … para melhor COMPREENDER e poder RESOLVER!

 

“Quando falamos estamos somente a repetir aquilo que já sabemos.

Mas se escutarmos, pode ser que aprendamos qualquer coisa nova.”

Dalai Lama

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