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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

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27
Mar22

Ensinar a Pensar (II)

Educação

Na sequência do post anterior, Ensinar a Pensar (I) vamos hoje avançar para uma abordagem prática de como ajudar mais os jovens a pensar antes de agir.

As crianças e jovens de hoje estão naturalmente sujeitos a uma sobre-estimulação sensorial, resultante da rapidez, fácil acessibilidade, grande quantidade de informação e de objetos estimulantes ao seu dispor. Esta sobrecarga tende a desenvolver nas crianças o “Síndrome do Pensamento Acelerado” (A. Cury), o que os torna mais impulsivos e lhes diminui significativamente a capacidade de “parar para pensar”.

É urgente que os adultos desempenhem um papel de reforço das capacidades reflexivas da criança e que a orientem  através de um passo-a-passo, rumo a uma clareza de possibilidades e a uma escolha consciente e positiva, para si e para quem está à sua volta. É essencial e indispensável que façamos este trabalho com os nossos filhos ou alunos, pois, para a atual geração, a presença e ação positiva, confiante e tranquila do educador, tornou-se num importante fator de desenvolvimento e de saúde mental.

A metodologia do SEMÁFORO DO PENSAMENTO oferece uma visualização da estrutura desse processo, permitindo a adultos e crianças/jovens, seguirem um caminho autónomo de resolução de problemas, que irá reforçar a aptidão dos mais novos para pensarem de modo crítico e refletirem sobre as situações do seu quotidiano, bem como para se sentirem mais seguros e confiantes nas suas próprias capacidades.

De um modo prático o SEMÁFORO DO PENSAMENTO passa pelas seguintes etapas:

1 - VERMELHO – PARAR contrariando a impulsividade, parar observar, ver, escutar, ler, sentir aquilo que está a acontecer dentro de mim e à minha volta.

2 - AMARELO – PENSAR, refletir e decidir, procurando e identificando possibilidades/alternativas de saída da situação, prevendo consequências e escolhendo a melhor opção para mim, tendo também em consideração as necessidades alheias. Numa segunda etapa de desenvolvimento deste pensamento de resolução de problemas, poderá ser também oportuno introduzir a identificação de padrões que se repitam, a decomposição de grandes problemas em pequenos passos, bem como evidenciar as vantagens da construção de PLANOS DE AÇÃO, adiando a recompensa para mais tarde.

3 – VERDE – AGIR de forma articulada com aquilo que se decidiu, fazer, desenhar, escrever, falar, jogar, treinar … de forma coerente, persistente e repetida, para que se consiga atingir aquilo que se deseja.

Mas saber teoricamente “como” o semáforo funciona não basta. É preciso procurar, persistir e encontrar situações de TRANSFERÊNCIA para a vida real. Em que situações podes usar o Semáforo do Pensamento na tua vida? Como é o que o Semáforo do pensamento te poderá ser útil?  E depois, aproveitar as circunstâncias do dia-a-dia para o aplicar e assim, proporcionar experiências e  oportunidades da criança ou jovem pensar duma forma refletida sobre os seus próprios desafios.

Levar e conduzir a criança/jovem pacientemente ao longo deste processo é estar a educar para a autonomia, para a autorresponsabilidade e para a liderança de si mesmo. É estar efetivamente a dar-lhe ferramentas facilitadoras da sua autodeterminação e duma gestão emocional positiva.

Porém, tal como a própria metodologia diz, não tem efeitos mágicos. É preciso pegar a criança pela mão e dar-lhe tempo para que ela passe pelas várias “luzes” do semáforo e possa assim APRENDER A PENSAR pela sua própria cabeça. Não adianta apressar, sugerir ou dar a solução. É preciso confiar que a criança ou o jovem tem em si a capacidade de encontrar a melhor solução para si mesmo. Como tudo na vida, requer treino, persistência e aplicação no momento em que surge a situação desafiante.

Mas o meu filho até sabe a teoria, mas depois na prática não se lembra de aplicar o Semáforo!

Ele e nós. O semáforo também serve para nós, adultos. Então, o que nos dificulta tanto a sua aplicação? A emoção! Enquanto estivermos reféns dum estado emocional intenso será difícil parar para pensar (ativar o nosso semáforo). Por isso, o segredo é controlarmos aquele momento em que escolhemos nos afastar, desligar, tirar um tempo …

O segredo é ESCOLHER fazer uma pequena PAUSA que nos permite “sair da ilha para ver a ilha”, ou por outras palavras, nos permitirá uma efetiva gestão emocional. Como? O truque é fazer um time out. Mas como fazer essa pausa funcionar? Com a prática, cada pessoa descobrirá o que funciona melhor consigo … quando há vontade, o caminho aparece!

Educar é ajudar a criança a resolver um problema. Castigar é fazer a criança a sofrer por ter um problema. Para criar SOLUCIONADORES DE PROBLEMAS, é preciso focar na solução e não na retaliação. (L.R.Knost)

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