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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

23
Abr22

Ensinar a Pensar (III)

Educação

Na sequência dos posts anteriores, Ensinar a Pensar (I) e Ensinar a Pensar (II) vamos hoje avançar para uma abordagem prática dirigida aos adolescentes.

Aprender a pensar é um processo de desenvolvimento que se adquire de forma progressiva ao longo dos anos. Exigir aos nossos jovens que o façam eficazmente quando, em criança, lhes resolvemos todos os seus pequenos desafios de criança, é esperar colher batatas quando plantámos cebolas. Quando são pequenos é-nos mais fácil e ligeiro dizer-lhes o que fazer, dar-lhes sugestões e indicar-lhes as soluções. Apesar de ser mais rápido e prático, ao fazê-lo, estamos a impedir os nossos filhos e alunos a desenvolverem a habilidade de observarem e sentirem os acontecimentos da sua vida, de refletirem sobre a situação, de tomarem decisões e resolverem os seus dilemas diários. Ou seja, desejamos que eles sejam independentes, mas não investimos seriamente nos alicerces da construção dessa autonomia.

Perguntam, mas pensar não é uma capacidade natural? Sim e não. Sim porque somos seres racionais. Não porque nascemos com o cérebro reptiliano (instintivo) e límbico (emocional) desenvolvido, mas com o neocórtex (racional) em desenvolvimento até ao final da adolescência, idade que se situa cada vez para lá dos 20 anos (parece que nos esquecemos vezes demais deste facto). As crianças e os jovens não têm apurada a capacidade de pensar criticamente sobre as suas próprias vivências, e por isso, não podemos esperar que o façam, simplesmente porque o seu “software” ainda não está pronto.

E a melhor forma de fazer, sem dar sugestões ou soluções, é fazendo BOAS PERGUNTAS, plenas de interesse e curiosidade. Aqui ficam 8 PASSOS para ajudar os jovens a pensar sobre a sua vida e as suas opções:

1) Esclarecer com o jovem qual é seu o objetivo (desejo).

      Exemplos: Para ti, o que é realmente muito importante atingires na vida? O que realmente queres ou desejas? Porque é que isso é importante para ti? Acreditando que tens todas as capacidades e competências, o que queres ter no lugar do que tens agora? Num mundo onde tudo é possível o que queres ter/ser?

2) Perguntar quais as formas ou caminhos que ele vê como possíveis para alcançar o seu objetivo. Fazer uma lista de todas as ideias – tudo é possível!

       Exemplos: Como pensas fazer isso? O que é importante garantir ou fazer para alcançares o teu objetivo? Que competências ou habilidades, se desenvolveres te podem ajudar no teu objetivo? Como podes fazer? Que outras formas serão possíveis? Quais funcionarão melhor neste caso?

3) Perguntar aos colegas, amigos ou pessoas que ele admira, como resolveram ou resolveriam a questão. Fazer uma lista de todas as ideias, sem eliminar nenhuma.

       Exemplos: Conheces alguém que tenha vivido e resolvido este tipo de situação? Que soluções os teus amigos encontraram? Como fizeram? E como é que essas pessoas que consideras “capazes” fariam?

4) Depois de identificadas todas as opções, fazer uma triagem de alternativas e perguntar que caminho quer seguir.

        Exemplo: Perante estas possibilidades o que acreditas que se encaixa melhor em ti/na situação? O que sentes que será melhor para ti? Que desafios poderão surgir ao seguires este ou aquele caminho? Qual queres escolher?

5) Decidido o caminho, perguntar quais são os recursos necessários e que pessoas poderão estar envolvidas (pessoas, materiais, equipamentos, conhecimentos, iniciativas, atitudes, ações).

        Exemplo: Vamos fazer uma pequena lista de que irás precisar para realizar/resolver a situação.

6) Perguntar que riscos e possíveis problemas podem surgir nesse caminho

        Exemplo: Existem obstáculos para lá chegar? Vamos fazer um exercício sobre possíveis problemas que poderás ter de enfrentar …

7) Elaborar um Plano de Ação para eliminar ou minimizar riscos

        Exemplo: O que podes fazer para eliminar esse risco? E este …?

8) Identificar indicadores ou evidências que comprovarão que conseguiu alcançar o objetivo

        Exemplo: Que evidências/provas terás que te dizem que alcançaste/resolveste o problema/situação? O que precisa acontecer para te olhares ao espelho e dizeres: Resolvi!

 

Se queremos criar cidadãos que pensam pela sua própria cabeça, que vão atrás dos seus objetivos e encontram a sua própria solução, precisamos de aprender a AJUDAR AS NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS A PENSAR. Neste mundo tecnológico é cada vez mais indispensável criar condições para as nossas crianças e jovens aprenderem a gerir emoções e a pensarem de um modo crítico ... se assim não for, acabaremos por ser instrumentados ... e não quem usa e controla o instrumento!

Mais do que proteger, facilitar e preparar o caminho para as crianças e jovens, temos de mudar o foco, ser mais empáticos e descobrir como poderemos preparar os nossos jovens para o caminho a seguir, seja ele qual for!!

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Fonte: TeenCoaching/ICIJ

 

10
Abr22

Aprender ou não aprender (II)

Educação

Ainda na sequência do que escrevi no post anterior, Aprender ou não aprender (I), sobre AQUILO QUE GOSTARIA DE TER APRENDIDO NA ESCOLA ou daquilo que me parece que seria útil que a escola ensinasse … tenho algo mais que me parece oportuno partilhar …

Ninguém dúvida: a nossa mentalidade, o nosso modo de ver o mundo, os nossos valores, as nossas crenças e convicções são-nos instaladas desde a mais tenra idade. Em casa, na escola, na televisão, na internet … na sociedade. Sem darmos por isso somos “programados” para pensar de determinada forma, para acreditar em determinados princípios e para não contestar o modus operandi à nossa volta. Sejamos sinceros – é essa a principal função da educação e a principal (e legítima) preocupação parental – criar e formar cidadãos inseridos, adaptados e úteis à sociedade.

Por isso, muito daquilo que hoje somos resulta das nossas vivências infantis e juvenis. É natural, é mesmo assim. Nascemos com o “hardware” pronto, mas o “software” vai sendo instalado e reinstalado ao longo de toda a nossa vida. Como é que isso acontece? Através da mediação humana e desde o nascimento. Neste processo a interação pessoal é essencial.

E se assim é, como seria, se em vez de desvalorizarmos sentimentos (“Isso já passa!”), de apontarmos erros (“Isso não se faz!”), de atribuirmos culpas (“Estou farta de te dizer sempre a mesma coisa!”), de punirmos ou castigarmos (“Ficas sem telemóvel para pensares no que fizeste!”) … nos atrevêssemos a quebrar o padrão educativo e, desde cedo, instalássemos CRENÇAS POSITIVAS no “software mental” das nossas crianças?

Como teria sido a nossa vida, se em criança nos tivessem sido transmitidas premissas e convicções que nos permitissem acreditar que temos em nós todos os recursos que precisamos para criar a vida que desejamos viver?

Sabendo que pensamento gera comportamento, como seria se a escola/família valorizasse o ensino das denominadas as soft skills (competências pessoais e interpessoais), a partir da transmissão e reforço ativo e coerente dos seguintes PENSAMENTOS POSITIVOS:

  • EU SOU CAPAZ - Sou “capaz de” de ver, fazer, ser … com clareza, estratégia e persistência.
  • EU SOU IMPORTANTE! EU PERTENÇO A … Eu colaboro e contribuo mais quando me sinto parte de … e quando sinto que sou envolvido e verdadeiramente escutado.
  • EU TENHO O PODER! EU POSSO … é fazendo que aprendo a fazer e sobretudo a ser. Quando decido e aplico o que decidi, aprendo cada vez mais a resolver problemas.
  • Eu consigo. Eu sou suficiente – é a base da minha autoconfiança e autoestima. Um passo de cada vez e está tudo bem. Hoje sou melhor que ontem e por isso, o meu melhor é sempre mais um passo no caminho.
  • Tenho sempre escolha – opto por tudo aquilo que for melhor para mim e aumentar as minhas possibilidades.
  • Tenho o poder de mudar a realidade - a realidade muda quando olho de outro ponto de vista e quando mudo a minha atitude perante a situação.
  • Tenho o poder de criar a minha própria realidade - posso escolher o que pensar e os meus pensamentos irão criar os meus resultados.
    Por ação ou por inação, todos somos criadores da nossa própria realidade.
  • Foco-me sempre no que quero realizar – e não no que não quero, porque irei receber de volta aquilo em que me focar.
  • Estabeleço prioridades e faço escolhas intencionais - Princípio de Pareto - 80% dos resultados que consigo vêm apenas de 20% das minhas atividades. Aplico o meu tempo naquilo que tiver um maior retorno positivo para mim.
  • Todas as experiências trazem oportunidades - existe sempre uma oportunidade de crescimento por trás de cada obstáculo ou contrariedade. Procuro sempre a bênção escondida de cada desafio!
  • Erros são oportunidades de aprendizagem – o erro é uma mensagem que indica e orienta o caminho. Os falhanços podem conter excelentes aprendizagens. Não desistir, apesar de erros e falhas, é o mais importante.  Os erros dizem-me:  Não é por aí! Não desistas. Estás cada vez mais perto.
  • Opinião é interpretação - As nossas palavras são somente representações dos acontecimentos ou das situações que descrevemos – não são a realidade/verdade em si. O mapa não é o território!!
  • Não levo as coisas demasiado a sério – 80 a 90% das minhas preocupações e receios nunca se irão concretizar. Ups!! 
  • As pessoas não são o seu comportamento - lido com o seu comportamento e aceito a pessoa por trás do comportamento. Não levo a peito ofensas porque os comportamentos são passageiros e as pessoas são permanentes!
  • O medo é meu aliado – o medo avisa-me e prepara-me para algo importante que vai acontecer, mas não me deve bloquear! Presto mais atenção aos detalhes, preparo-me ainda melhor e avanço com coragem!
  • Não me comparo com os outros - a comparação com os outros conduz à insatisfação. Só a comparação comigo mesmo, de onde vim, o que já consegui e como cresci … me dará poder pessoal, motivação e tranquilidade. Eu não tenho comparação!!
  • As pessoas têm todos os recursos de que necessitam para ter sucesso - não há pessoas sem recursos, há pessoas que não sabem ou conseguem usar os seus recursos pessoais. Descubro as minhas próprias qualidades escondidas e uso-as como sendo únicas e especiais.
  • Todo o comportamento tem uma intenção positiva – a intenção é sempre boa, mas o comportamento pode ser desajustado.
    Mantenho a intenção e adapto o meu comportamento para obter o resultado que desejo.
  • Juntos somos mais fortes - Não chegamos a lado nenhum sozinhos: Somos seres sociais e o verdadeiro sucesso está no trabalho em equipa. Ninguém ganha sozinho! Eu ganho porque tu ganhas (e não porque tu perdes). Sozinhos podemos ir mais rápido. Juntos vamos mais longe!
  • A empatia faz magia – não há comunicação sem conexão. Todos temos muito a prender uns com os outros. Aproximo-me, olho as pessoas nos olhos e escuto com genuína curiosidade e interesse.
  • Não reajas, age – não espero, assumo a liderança, tenho a iniciativa, sou pró-ativo na busca daquilo que quero, ajusto a situação com a minha própria ação. Dou primeiro, recebo depois. Não espero que escolham ou façam por mim, senão vou (des)esperar.
  • As coisas são como são – não é o que me acontece que me define, mas aquilo que faço com aquilo que me acontece. Sem resignação e com determinação, o que posso/vou fazer com isso?
  • A gratidão é contagiosa – facilita-me o foco nas coisas positivas da vida e atrai para mim estados de confiança e felicidade.

 

Estes 23 poderosos ensinamentos ter-nos-iam dado jeito se tivessem sido instalados no nosso “software” desde criança. Estaríamos hoje mais bem apetrechados no que diz respeito às nossas Soft skills e certamente estaríamos mais bem preparados para os desafios que a vida nos trouxe.

Não basta desvalorizar as crenças limitadoras das crianças ou dizer-lhes que são capazes ou que são importantes. É imprescindível cuidar da coerência entre palavras e atos, bem como preencher o espaço com pensamentos positivos. Serve-te deste “Menu de Pensamentos Positivos”, escolhe um … e começa por aí. Começa por aquele que se adequar melhor às caraterísticas de personalidade do teu filho/aluno e instala-o com amor, persistência e paciência.

Fica, no entanto, uma advertência. Os pequenos só irão acreditar se tu mesmo acreditares. Não chega dizer. Diria mesmo, não chega acreditar. É preciso fazer. É preciso sentir, praticar, dar o exemplo, vivenciar. Só assim o download será bem-sucedido!!

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27
Mar22

Ensinar a Pensar (II)

Educação

Na sequência do post anterior, Ensinar a Pensar (I) vamos hoje avançar para uma abordagem prática de como ajudar mais os jovens a pensar antes de agir.

As crianças e jovens de hoje estão naturalmente sujeitos a uma sobre-estimulação sensorial, resultante da rapidez, fácil acessibilidade, grande quantidade de informação e de objetos estimulantes ao seu dispor. Esta sobrecarga tende a desenvolver nas crianças o “Síndrome do Pensamento Acelerado” (A. Cury), o que os torna mais impulsivos e lhes diminui significativamente a capacidade de “parar para pensar”.

É urgente que os adultos desempenhem um papel de reforço das capacidades reflexivas da criança e que a orientem  através de um passo-a-passo, rumo a uma clareza de possibilidades e a uma escolha consciente e positiva, para si e para quem está à sua volta. É essencial e indispensável que façamos este trabalho com os nossos filhos ou alunos, pois, para a atual geração, a presença e ação positiva, confiante e tranquila do educador, tornou-se num importante fator de desenvolvimento e de saúde mental.

A metodologia do SEMÁFORO DO PENSAMENTO oferece uma visualização da estrutura desse processo, permitindo a adultos e crianças/jovens, seguirem um caminho autónomo de resolução de problemas, que irá reforçar a aptidão dos mais novos para pensarem de modo crítico e refletirem sobre as situações do seu quotidiano, bem como para se sentirem mais seguros e confiantes nas suas próprias capacidades.

De um modo prático o SEMÁFORO DO PENSAMENTO passa pelas seguintes etapas:

1 - VERMELHO – PARAR contrariando a impulsividade, parar observar, ver, escutar, ler, sentir aquilo que está a acontecer dentro de mim e à minha volta.

2 - AMARELO – PENSAR, refletir e decidir, procurando e identificando possibilidades/alternativas de saída da situação, prevendo consequências e escolhendo a melhor opção para mim, tendo também em consideração as necessidades alheias. Numa segunda etapa de desenvolvimento deste pensamento de resolução de problemas, poderá ser também oportuno introduzir a identificação de padrões que se repitam, a decomposição de grandes problemas em pequenos passos, bem como evidenciar as vantagens da construção de PLANOS DE AÇÃO, adiando a recompensa para mais tarde.

3 – VERDE – AGIR de forma articulada com aquilo que se decidiu, fazer, desenhar, escrever, falar, jogar, treinar … de forma coerente, persistente e repetida, para que se consiga atingir aquilo que se deseja.

Mas saber teoricamente “como” o semáforo funciona não basta. É preciso procurar, persistir e encontrar situações de TRANSFERÊNCIA para a vida real. Em que situações podes usar o Semáforo do Pensamento na tua vida? Como é o que o Semáforo do pensamento te poderá ser útil?  E depois, aproveitar as circunstâncias do dia-a-dia para o aplicar e assim, proporcionar experiências e  oportunidades da criança ou jovem pensar duma forma refletida sobre os seus próprios desafios.

Levar e conduzir a criança/jovem pacientemente ao longo deste processo é estar a educar para a autonomia, para a autorresponsabilidade e para a liderança de si mesmo. É estar efetivamente a dar-lhe ferramentas facilitadoras da sua autodeterminação e duma gestão emocional positiva.

Porém, tal como a própria metodologia diz, não tem efeitos mágicos. É preciso pegar a criança pela mão e dar-lhe tempo para que ela passe pelas várias “luzes” do semáforo e possa assim APRENDER A PENSAR pela sua própria cabeça. Não adianta apressar, sugerir ou dar a solução. É preciso confiar que a criança ou o jovem tem em si a capacidade de encontrar a melhor solução para si mesmo. Como tudo na vida, requer treino, persistência e aplicação no momento em que surge a situação desafiante.

Mas o meu filho até sabe a teoria, mas depois na prática não se lembra de aplicar o Semáforo!

Ele e nós. O semáforo também serve para nós, adultos. Então, o que nos dificulta tanto a sua aplicação? A emoção! Enquanto estivermos reféns dum estado emocional intenso será difícil parar para pensar (ativar o nosso semáforo). Por isso, o segredo é controlarmos aquele momento em que escolhemos nos afastar, desligar, tirar um tempo …

O segredo é ESCOLHER fazer uma pequena PAUSA que nos permite “sair da ilha para ver a ilha”, ou por outras palavras, nos permitirá uma efetiva gestão emocional. Como? O truque é fazer um time out. Mas como fazer essa pausa funcionar? Com a prática, cada pessoa descobrirá o que funciona melhor consigo … quando há vontade, o caminho aparece!

Educar é ajudar a criança a resolver um problema. Castigar é fazer a criança a sofrer por ter um problema. Para criar SOLUCIONADORES DE PROBLEMAS, é preciso focar na solução e não na retaliação. (L.R.Knost)

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