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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

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28
Nov21

Comunicação Não-Violenta

Educação

Vivemos na era da COMUNICAÇÃO e da interligação. Estar conectado passou a ser imprescindível e um valor essencial da sociedade atual.

Talvez por isso, deveria ser fácil passar a mensagem, deveria ser natural percebermos o que o outro nos quer transmitir … mas não é, pois não? Pelo contrário, assistimos cada vez mais a cenários de comunicação manipulativa, agressiva e pouco empática, a discursos que se transformam em verdadeiras batalhas, a lutas pelo poder, a ofensas espontâneas e conversas desconectadas, como se falássemos muito mais para ganhar e ouvíssemos apenas para contradizer. Na verdade, na maioria das nossas conversas não queremos ouvir, queremos ser ouvidos e principalmente, que o outro concorde connosco. Nos nossos diálogos falta empatia e entendimento, e sobra insatisfação e muita exaustão.

Porém, estar ligado não significa estar conectado. A ligação assegura um canal aberto. A conexão assegura que existe abertura para receber e compreender a mensagem. Pode parecer a mesma coisa, mas não é.

Não há boa comunicação sem primeiro se estabelecer uma relação. E não há relação sem primeiro haver conexão. Para o nosso bem-estar pessoal e social, precisamos de procurar um modo de comunicar que valorize mais aquilo que nos aproxima e nos conecta, abrindo os desejados caminhos de aceitação e entendimento.

Todos sairemos enriquecidos quando os nossos discursos, seja em casa ou na escola, na política ou no trabalho, convergirem para o valor que podemos acrescentar uns aos outros, em vez de sublinharem aquilo que nos afasta e diferencia.

Independentemente da idade, esta vivência é uma aprendizagem para todos nós. Em criança, não fomos formatados para cooperar. Fomos formatados para competir. Por isso, nesta fase do “jogo”, é preciso recolher as cartas da mesa e voltar a dá-las de outra forma. Não é fácil, mas é possível. E sobretudo, hoje que sabemos o que sabemos, hoje que assistimos à violência verbal e física nos mais variados contextos, talvez valha a pena começarmos a pensar em “formatar” as nossas crianças num novo paradigma mais empático, aberto, tolerante e socialmente colaborativo.

Para tal, teremos de começar por nós. Certamente conseguimos identificar várias ocasiões em que reagimos a algo que nos disseram ou fizeram de uma tal forma que, mais tarde, sentimos que poderíamos ter respondido com outras palavras e/ou agido de outra maneira menos impulsiva.

Uma das abordagens que podemos começar a treinar e a praticar com os nossos filhos/alunos é a COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA (CNV), a qual, através duma maior consciência empática e compassiva, preconiza o uso de habilidades de linguagem e de escuta ativa que, apesar das diferenças e dificuldades da situação em questão, aproximam as pessoas, facilitam a conexão, fortalecem a relação e aceleram a resolução dum potencial conflito.

A “Comunicação Não-Violenta” foi criada pelo psicólogo Marshall Rosenberg na década de sessenta, sobre a qual o autor escreveu vários livros, tendo-se expandido por mais de sessenta países.

Baseia-se no princípio de que, por trás de todo o comportamento existe sempre uma necessidade humana a ser expressa e ao compreendermos essa necessidade, é mais fácil comunicar com empatia e compaixão. Isto porque são justamente as nossas necessidades básicas que nos unem e conectam, transpondo os conflitos que poderão emergir. No nosso discurso, em vez de focarmos a nossa atenção no comportamento da outra pessoa (filho, aluno, colega, esposo, etc.), se redirecionarmos a nossa atenção para a identificação da necessidade não atendida e “escondida” por trás desse comportamento, conseguiremos melhores índices de satisfação e concordância na nossa vida.

A “comunicação hostil” (representada simbolicamente pelo Chacal) é desconectada, recorre ao medo, limita a liberdade, não reconhece as necessidades alheias e diminui o valor da pessoa. Geralmente inclui:

  • Pré-conceitos rígidos, categorização e polarização de opinião (ex: Certo ou errado ou Estás comigo ou contra mim.)
  • Julgamentos morais, comparações e excessivas avaliações do comportamento do outro (ex: És sempre o mesmo preguiçoso ou Todos percebem, menos tu).
  • Acusação ou desresponsabilização por ações ou pensamentos próprios (ex: Detesto gritar contigo, mas tu não me deixas outra hipótese ou Não acho justo dar-te mais tempo para entregares o trabalho.)
  • Reclamações, ameaças ou punições (ex: Se não cumpres, vais ter negativa ou Vou ter de te tirar o telemóvel, caso tenha queixas de ti.)
  • Aceleração, reatividade e falta de empatia (ex: Deixa lá, daqui a pouco isso já não é nada. Vai fazer os TPC que isso passa ou Sim, sim, agora estou a fazer isto, depois falamos.)
  • Superioridade, conselhos e exigências (ex: Agora vais ter de fazer a dobrar ou Isso não é nada assim. É melhor fazer assim.)

 

Em contrapartida, uma “Comunicação Não-Violenta” (CNV) (representada simbolicamente pela Girafa) implica:

  • Consciência (autoconhecimento) e compreensão de que todas as pessoas têm necessidades únicas que as levam a se comportar de determinada maneira. Antes de aplicar a CNV, é preciso olhar para si mesmo sem julgamentos e identificar as suas próprias forças e fragilidades comunicacionais. “A mudança começa em mim!”
  • Linguagem de proximidade – a linguagem tem o poder de unir ou afastar as pessoas, pelo que é essencial saber expressar-se de forma clara, calma, honesta, afetiva e tolerante. Ser honesto consigo mesmo e com os outros requer autenticidade e coragem na aceitação da vulnerabilidade.
  • Comunicação Empática – implica saber colocar-se no lugar do outro, conseguindo aceitar e compreender as suas perceções, sentimentos, necessidades e pedidos, bem como saber afirmar-se quando precisa. Saber como PEDIR e como OUVIR é essencial.
  • Influência – aceitar que não conseguimos controlar/dominar tudo à nossa volta e que tudo funciona melhor se o poder for partilhado, liderando e influenciando pela positiva.

 

Benefícios da CNV:

  • Fortalece vínculos relacionais e interpessoais.
  • Permite percecionar o mundo a partir do ponto de vista do outro e entender possíveis fundamentos das suas atitudes, facilitando a aceitação e compreensão mútua.
  • Ajuda a perceber o impacto das nossas ações nas outras pessoas.
  • Gera um ambiente acolhedor, criando um espaço seguro para que todos expressem sentimentos e necessidades.
  • É um elemento redutor de conflitos e facilitador de consensos.
  • Desenvolve a “literacia emocional”, aumentando a eficácia da autorregulação das emoções – previne episódios de agressividade.
  • Auxilia na formação de caráter e de valores nas crianças e jovens.
  • Desenvolve noções de responsabilidade, cidadania, comunicação e convivência pacífica em escolas/empresas/comunidades.

 

Como usar a CNV?

A CNV começa por um processo de tomada de consciência interna através dum questionamento ou investigação pessoal: o que está a acontecer (comigo e com o outro), o que se sente e o que se necessita. O discurso desenvolve-se em 4 PASSOS, através dos quais é essencial não saltar etapas e/ou pormenores, evitando a tendência para presumir que o outro sabe aquilo que não lhe dizemos:

1 - OBSERVAR a situação desafiante – Cingir-se a factos e evitar interpretações. Separar aquilo que é um julgamento daquilo que é um facto, evitando conclusões precipitadas que bloqueiam a capacidade percetiva e empática. (ex: É sempre a mesma coisa. Tenho de repetir vezes sem conta para arrumares o quarto O teu quarto tem roupa espalhada no chão; És sempre o mesmo irresponsável Há três dias que não te vejo estudar/fazer os TPC). Dica: Não julgar ou analisar factos ou pessoas, sem primeiro recolher toda a informação.

2 - SENTIR – aprender a reconhecer e trabalhar emoções desconfortáveis, identificando quais os sentimentos genuínos (não interpretações) que surgem em consequência da situação observada. É importante que essa expressão não inclua acusações indiretas a outra pessoa, pois a expressão pura de sentimentos aumenta a possibilidade de se ser escutado. (ex: Sinto-me ignorado Sinto-me triste; Estou farto de te dizer para desligares isso Sinto-me/fico preocupado quando te vejo tanta hora no telemóvel; Fico zangado porque já tentei tudo contigo Sinto-me perdido/angustiado quando tento falar contigo e não consigo). Dica: Desenvolver o seu vocabulário de sentimentos para que as suas palavras estejam o mais perto possível da sua verdade e sejam as mais exatas possíveis.

3 - NECESSITAR – exprimir as necessidades não atendidas que estão por trás dessa situação/sentimentos, assumindo a sua responsabilidade (ex: Estou irritado porque tu não arrumaste o teu quarto Estou irritado porque está na hora de deitar e o teu quarto está desarrumado. Preciso de arrumação para conseguir organizar as coisas para o dia seguinte; Quero que te cales quando falo Preciso de calma e silêncio quando falo; Esqueces-te sempre de levar o lixo. Nunca me ajudas Preciso que me ajudes para me sentir mais calma e ter tempo para fazermos outras coisas que gostamos). Dica: Exprimir a necessidade em termos positivos, sem implicar ou cobrar da outra pessoa ou da sua ação.

4 - PEDIR – depois de clarificarmos (para nós e para os outros) aquilo que verdadeiramente necessitamos, podemos fazer um pedido claro e específico, sem julgamento ou acusações, algo negociável que expresse aquilo que se deseja ter no lugar daquilo que está a acontecer – Podes/Podemos … Dica: o pedido é concreto, expresso na positiva e dirige-se concretamente a uma determinada pessoa, referindo-se ao momento presente e não ao passado.

A CNV é um convite para termos conversas corajosas sobre o que sentimos, necessitamos e queremos, o que nem sempre é fácil pois, no “piloto automático” e na correria dos dias em que vamos vivendo, muitas vezes não sabemos bem o que sentimos, nem temos tempo para perceber o que precisamos ou queremos; ou se até o sabemos, temos medo da reação da outra pessoas ou de levar um “não redondo”. E imaginamos, interpretamos, fazemos os nossos “filmes internos”. E reprimimos, reprimimos … até que um dia tudo sai  tudo em forma de “tiro”. Cobrar e esperar que os outros adivinhem o que nos vai no coração e na mente é uma opção romanceada, perigosa e injusta nas relações humanas.

A CNV é uma “estrada com dois sentidos”. Do mesmo modo que é importante aprender a EXPRIMIR, também é importante aprender a OUVIR o que o outro observa, sente, necessita e quer, de forma calma, ponderada, aberta e inclusiva, ao longo dos mesmos quatro passos, na busca duma solução em que ambos se revejam e que enriqueça a vida de cada um.

A CNV é um treino que se torna mais eficaz com vontade, determinação, atenção plena e repetição: aprender cada vez mais a dirigir o foco do nosso discurso para o “EU” (Eu observo; Eu sinto; Eu preciso), tendo em consideração e atenção ao “TU” (perceção, sentimentos e necessidades do outro), pode mudar a nossa comunicação e melhorar as nossas relações, com um impacto muito positivo no nosso bem-estar diário. Afinal, quando ninguém quer dominar, todos ganhamos!

Ao princípio poderá parecer difícil, mas comecemos por coisas simples. Por exemplo, ao lidar com uma criança com comportamentos agressivos, o educador (professor ou pai) propõe que a criança comece a utilizar a CNV, substituindo esse comportamento por frases que expressem o que sente sempre que algo que a incomodar, como por exemplo: “Eu sinto raiva quando as pessoas se aproximam muito de mim. Podes dar-me um pouco de espaço, por favor?”. Deste modo, será mais fácil identificar a raiz das frustrações e das necessidades não compreendidas da criança e comunicar com ela de uma forma mais empática e eficaz.

Mas não sejamos puristas-idealistas. Todos nós usamos os dois tipos de linguagem – mais ou menos empática ou hostil – dependo do contexto, do momento, do objetivo, da pressão e do nosso estado emocional.

O convite é para que, cada vez menos recorramos a estilos de comunicação mais rígidos, agressivos ou manipulativos, e possamos a pouco e pouco e conscientemente, escolher comunicar de forma mais respeitadora, conectada e autêntica. Afinal, somos o espelho em que os mais novos se revêm. A escolha é nossa e as nossas crianças agradecem!

 

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01
Nov20

Passar o Inverno

Superar a Pandemia

Novas medidas. Outra vez! Quando é que isto vai parar?

O que mais vem por aí? Como é que vão ser os próximos meses?

Começamos a perceber que mesmo que sejamos dos mais afortunados e a pandemia não nos tenha afetado muito, existe muita gente que caiu a pique, que está já desesperada e dependente de ajuda …

Já lá vão 8 meses, aproxima-se o inverno e apesar da sensação de que nos estão a tirar a liberdade, já começamos a conseguir olhar para o lado e calçar os sapatos dos outros, dos que perderem o emprego, dos que perderam o negócio ou a empresa, dos idosos “ presos” nos lares, das crianças criadas no medo e empurradas para um “castigo” contranatura … e nós mesmos, cada um com os seus desafios, que por muito pequenos que sejam, se vão somando, somando … reduzindo gradualmente a nossa tranquilidade e aumentando o nosso sofrimento.

Então, neste inverno, como poderemos lidar com a inevitável ansiedade provocada pela atual pandemia?

Se em nós existem sentimentos menos bons, de dúvida, insegurança, incerteza, tristeza, preocupação, medo,  saudade, nostalgia … que tal mudar o foco da nossa atenção para fora de nós?

A “distração” daquilo que não nos serve sempre foi uma boa estratégia. Afinal, aprendemos isso na nossa infância. Regressar à leveza e à simplicidade de criança pode-nos ajudar, pois, como adultos, temos a tendência para sermos escravos da nossa mente. São muitos anos a lidar com as nossas crenças e estratégias. Habituamos-mos. Habituamos-mos àquela luta interna. Habituamos-mos ao nosso próprio infortúnio. De tal forma que o aceitamos como natural e inevitável. Sabemos que existem e conhecemos inúmeras sugestões que aliviam o sofrimento mental e emocional, mas nem sempre estamos disponíveis para as incorporarmos.

Talvez a pandemia seja a oportunidade de darmos esse salto. Como se diz, “não vai a bem, vai a mal”. Talvez, o nosso isolamento físico nos alerte para a necessidade de nos conectarmos mais com os outros … naquela perspetiva do ditado que diz que “só damos valor àquilo que perdemos”. Os estudos de psicologia dizem-nos que a CONEXÃO SOCIAL faz milagres na saúde mental e no equilíbrio emocional das pessoas.

OK! Mas como me vou conectar se me mandam isolar?

Podemos aprofundar o nosso nível de conexão com as pessoas da nossa “bolha” e elevar a qualidade da nossa relação. Abrir o coração, desenvolver um genuíno interesse pelo outro, estar verdadeiramente presente para essas pessoas (mesmo que sejam poucas). Tudo começa pelo desenvolvimento das nossas qualidades relacionais, por treinar a nossa auto-honestidade e por partilharmos as nossas fragilidades. E depois, abrir o coração, os ouvidos e a mente ao mundo do outro. Acolher, escutar e estabelecer aquela ligação com as pessoas que mais amamos, aquela relação que no fundo sempre desejámos, mas que anteriormente se perdia nas múltiplas exigências e correrias diárias.

Mas também podemos aproveitar a tecnologia para estarmos virtualmente presentes para os nossos amigos e familiares, seja com iniciativas mais organizadas ou mais espontâneas. Podemos ainda estar atentos e/ou fazer voluntariado numa qualquer instituição de apoio às pessoas mais afetadas pela pandemia, ir a espetáculos, etc. Tudo isto são formas de conexão pessoal e social.

Outro aspeto que nos pode ajudar a passar este desafiante inverno é conseguir ter uma clarividência sobre os nossos OBJETIVOS, o nosso propósito, o porquê daquilo que fazemos. Normalmente, quando sabemos que existe um farol que nos orienta, a navegação torna-se mais fácil. Será bom encontrar algo que possamos fazer e que nos dê esse sentido de alinhamento com o nosso impulso mais profundo – iniciar aquele blog há muito suspenso, começar aquele hobby há tanto tempo adiado, inscrever-se naquela formação há tanto tempo desejada, fazer voluntariado … qualquer coisa que nos faça sentir que estamos mais alinhados com a nossa essência e com os nossos sonhos.

E por último, a GRATIDÃO é o antídoto da ansiedade. Colocar o foco naquilo que se tem, em vez daquilo que nos falta, pode ser uma boa estratégia. Aprender a apreciar mais a vida e a não dar as “coisas” como garantidas é um ativo passo para melhorar o nosso bem-estar emocional. Fazer um diário da apreciação e/ou gratidão, das nossas conquistas desse dia, daquilo que correu bem, ajuda muito a ter o foco no que de bom temos na nossa vida! E porque não partilhar isso com alguém que esteja longe, e que assim se vai sentir mais perto? Porque não, no final do dia enviar uma mensagem a um amigo com aquilo que de bom aconteceu no nosso dia?

Virar o foco para fora de nós, respeitando a nossa própria natureza, pode ser muito benéfico para a nossa saúde mental. E já agora, a propósito de natureza … ir para fora, CAMINHAR E APRECIAR A NATUREZA em locais de pouca presença humana, ligarmo-nos à vida natural que nos rodeia, aprender com ela … também nos pode ajudar a encontrar o nosso equilíbrio emocional.

Este é um tempo de transformação e regeneração da nossa identidade pessoal e coletiva. O foco nos problemas, o medo e a ansiedade tira-nos a confiança e torna-nos mais vulneráveis e dependentes. O foco na solução e no que está fora de nós, a autorresponsabilização por aquilo que fazemos com aquilo que nos acontece, coloca-nos no comando e dá um novo sentido à nossa vida.

Vamos passar este inverno, vamos fazer esta travessia, esperançosamente, rumo a uma civilização mais humana, presente e consciente, unida e solidária. Se não negarmos a sombra e tivermos a coragem de a atravessar … inevitavelmente, vamos encontrar a luz.

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15
Jan20

Caminhar em direção ao Sol com os Pés na Terra

Ano Novo

Quem acredita que somos energia? Que somos influenciados pela energia cósmica e terrestre? Não, nem por isso? Então perguntem às marés …

Será que tenho um corpo ou sou um corpo? Temos energia no corpo ou somos energia materializada num corpo? Pois … tudo isto são crenças … e cada um terá as suas. Sejam quais forem as nossas crenças mais enraizadas, todos nós sucumbimos à tentação de, nas passagens de ano, dar uma espreitadela às anunciadas tendências para o novo ano. E tendências, são só tendências. Não são matéria física, palpável, concreta … serão energia? Talvez, mas também por aqui, cada um de nós acredita no que quiser.

Não obstante, entrámos já no ano 2020, o qual, em numerologia é um “ano 4”. A energia 4 está relacionada com o lado mais material da vida, com ordem e organização, com método e trabalho, com perseverança e esforço, ação e concretização. Esta energia não se relaciona muito bem com adiamentos, preguiça, rigidez, procrastinação, inação, avareza, fingimento e criticismo …  por isso, só por esta análise, já temos (se quisermos) uma orientação.

Por outro lado, o ano tem dois números 2, que nos pedem (a dobrar) cooperação, trabalho em equipa, união, sensibilidade, inteligência emocional e harmonia. Esta energia dá-se mal com a hipocrisia, ambiguidade, desinteresse, falta de autoconfiança e de motivação.

Se reparamos que também temos dois zeros, que embora em numerologia tenham um valor neutro, desde sempre sabemos que o circulo nos apela ao sentimento de união e de integração num todo maior que nós mesmos. Assim, por aqui, sai reforçado o apelo à união e à ação em comunidade, seja ela mais ou menos ampla. Não é um tempo para ações isoladas, estremadas ou arrogantes. É um tempo para unirmos a nossa energia à de outras pessoas, para sermos unos, sem contudo perdermos a nossa individualidade.

Atrevo-me assim a complementar aquela ideia um pouco naif de que estamos num Ano do Sol, e que este ano vai ser um ano iluminado. Será sim … se …

Estivermos mais alinhados com a nossa essência e com a nossa verdade, se formos mais responsáveis por aquilo que nos acontece, se não culparmos os outros por aquilo que tem origem em nós e se não escondermos aquilo que verdadeiramente somos. Ou por outras palavras, se estivermos prontos para afirmar o nosso lugar no mundo com humildade e conexão. Se assim for, a nossa energia não estará muito densa nem escura, e o nosso brilho, único e especial, pedirá consistentemente a nossa ação no sentido da concretização de novos passos no caminho do nosso propósito. Ou seja, saltar para o palco da vida será um forte apelo em 2020.

A partir daqui é confiar na nossa intuição e agir com coragem e coerência. Existindo este alinhamento, a vida vai dar-nos aquela ajudinha que tanto desejamos. É um bom ano para ser ambicioso e empreendedor naquilo que são os nossos chamamentos mais profundos – é uma boa altura para ser pragmático, organizado, decidir, planear e realizar sem perder tempo … aqueles sonhos, objetivos e projetos que há tanto tempo têm sido adiados.

Porém, este será um ano de manifestação da dualidade – da luz e da sombra. Por um lado, propício a uma melhor conexão, melhor comunicação, mais e melhores relacionamentos, mais riqueza interior e mais harmonia. Não será um bom ano para isolamentos, adiamentos, disfarces e/ou mentiras … ou seja, não será um bom ano para meter a cabeça debaixo da areia.

Por isso, por outro lado, se não estivermos alinhados com a nossa verdade mais profunda, com a nossa autenticidade, com a nossa essência, com a nossa luz … a nossa energia será mais densa e a escuridão cobrirá a nossa sombra. Quando assim for, poderão também ocorrer desencontros, desentendimentos, doenças, lutas, separações, pobreza e catástrofes. Na realidade, nesta vida dual, sejam quais forem as circunstâncias, temos sempre escolha, mesmo que acreditemos que não.

Relembro que é muito provável que quanto maior for a luz, mais densa será a sombra! Por isso só com consciência e aceitação clara da nossa sombra poderemos, ativa e deliberadamente, escolher o caminho da luz. Não basta saber. É preciso fazer. Mas também não basta fazer. É preciso saber fazer aquilo que é certo para nós!

2020 invoca um maior e melhor autoconhecimento, uma maior e mais ampliada consciência de si e do impacto das nossas ações no mundo.

2020 requer objetivos claros, específicos, realizáveis, mas sobretudo objetivos CERTOS para cada um de nós, ou seja objetivos alinhados como o nosso Verdadeiro Ser.

Então, talvez neste ano, o nosso Caminho nos apareça mais iluminado, mas só se completará se tivermos os pés na terra, colocando repetidamente, um pé à frente do outro.

2020 é tempo para colocar o nosso brilho em ação, pois cada um de nós tem o seu próprio Caminho e o caminho só se pode fazer … caminhando!

2020 é tempo para sermos sinceros, verdadeiros com nós próprios e para darmos passos significativos no nosso Caminho, pois, nesta vida, ninguém pode caminhar por nós!

2020 é um tempo para confiarmos nas pessoas e construirmos a nossa “tribo” com as pessoas que realmente são importantes. Sabemos que ninguém pode caminhar por nós, mas também sabemos que caminhamos melhor quando vamos bem acompanhados!

Por tudo isto, em 2020, desejo-TE um profícuo e iluminado Caminho, sempre em boa companhia! Ou como dizem os galegos, Bo camiño!

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