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Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

Estamos sempre a tempo de Flo(rir)

Desenvolvimento Pessoal & Educação

03
Jun21

Regras & Acordos

Educação Positiva

Na sequência da publicação anterior sobre o porquê de sentirmos dificuldade em estabelecer regras com as crianças e jovens de hoje, seguimos hoje no sentido de acrescentar ainda mais valor ao tema.

O estabelecimento de REGRAS & ACORDOS com as nossas crianças e jovens implica a necessária habilidade de fazer acordos sem imposições, chantagens ou punições.

Em termos conceptuais, um ACORDO é um pacto resultante dum encontro de ideias e sentimentos, que requer uma abertura à mudança, flexibilidade e conciliação de anseios. Através da aceitação e da escuta de todas as partes, leva à descoberta de novos pontos de vista, que num movimento confluente no sentido duma solução comum, inclui ganhos para todas as partes.

Nada de novo para nós … mas será que se aplica na relação com crianças e jovens?

Por outro lado, a chantagem não é nem nunca será um ato educativo. É mais um ato desesperado de quem não tem mais recursos no momento. Não obstante, não reforça positivamente um novo e desejado comportamento porque não origina uma adesão voluntária, uma reflexão ou um compromisso pessoal. A intenção é distorcida em função dum resultado, e por conseguinte, a médio prazo, o efeito também não será o esperado.

A imposição é e será sempre uma repressão que prejudica muito a relação, pois a criança entende que não pode exprimir ou realizar o que pensa, sente ou quer … com todas as consequências que hoje, como adultos, sentimos na nossa própria pele (eu sinto!).

É verdade  que o castigo ou a punição, têm um efeito imediato na diminuição do comportamento indesejado e na redução da probabilidade da sua repetição … mas não resolvem a questão de um modo mais profundo e categórico. Muito provavelmente, tendem a aumentar a revolta e a propensão para a afronta, porque naturalmente, a criança não compreende a ligação ou a razão por que está a ser castigada (com me lembro de, em criança, sentir esta revolta dentro de mim!).

A neurociência explica o porquê das crianças até aos 12 anos não reagirem aos castigos com aquelas aprendizagens que os adultos esperam e desejam … mas antes pelo contrário, serem levadas a se adaptarem e a encontrarem estratégias de pura sobrevivência, não deixando por esse motivo, de se sentirem injustiçadas e incompreendidas (como me lembro de sentir esta incompreensão … que dava lugar a uma raiva que eu desconhecia, mas que brotava envergonhada de dentro de mim!).

Quando, em vez de imposições (“Porque sou tua mãe!”) e de castigos (“Ficas sem o telemóvel para ver se aprendes!”), escolhermos o caminho da real participação da criança/jovem em ACORDOS e COMBINAÇÕES, no seu cérebro, abre-se um novo caminho neurológico.

Estas novas ligações cerebrais permitem a realização de novas aprendizagens, geram a expansão do mapa mental da criança e facilitam naturalmente uma adaptação social ajustada ao contexto em que a criança/jovem se insere, pois foram criadas com base numa efetiva e eficaz compreensão daquilo que pode fazer, e da FORMA COMO o pode fazer.

Muitas vezes as crianças não entendem as “explicações dos adultos” e é preciso aclarar de forma muito concreta e específica aquilo que dizemos e que queremos das crianças. Não nos esqueçamos que o desenvolvimento do cérebro decorre até perto dos 20 anos. Até lá, é o adulto que em parte, tem de fazer esse papel …

Por isso, a construção de REGRAS & ACORDOS assenta numa construção conjunta, baseada numa curiosidade genuína e numa escuta ativa por parte do adulto, bem como numa indispensável abertura à mudança, onde o adulto divide a responsabilidade da resolução de determinada situação com a criança/jovem.

 Nestes casos, a linguagem utilizada deve ser concreta e específica para que a criança/jovem entenda sem qualquer dúvida o que se espera dela/e (é essencial não presumir que a criança/jovem entende o conceito da mesma forma que o adulto).

Sempre com foco na solução (não referindo situações passadas) e para que o ACORDO seja efetivo e eficaz, a participação genuína da criança/jovem deverá ser sempre estimulada e encorajada pelo adulto.

Vamos ao passo a passo:

  1. Colocar o problema – cada parte coloca o seu ponto de vista, revelando motivos e sentimentos, tanto quanto possível de forma isenta, factual e sem julgamento.
  2. Expor as regras da casa (ou da escola)  e propor para essa situação uma construção conjunta de Regras & Acordos.
  3. Através de BOAS PERGUNTAS, questionar a criança/jovem sobre o que pensa sobre isso e como acredita que se pode resolver o problema.”Como podemos resolver isto?”
  4. Construir em conjunto – continuar a perguntar, a ouvir as propostas da criança e ir avaliando em conjunto quais serão as que fazem mais sentido e serão mais eficazes… até se encontrar uma solução equilibrada (win-win).
  5. Considerar sempre as possíveis e reais consequências do não cumprimento do “acordo” – “Se não cumprires … “ o que pode acontecer … pois a criança não tem ainda a maturidade neurológica e a capacidade inata de prever as consequências dos seus atos. 
  6. Fixar o acordo (passa a ser uma regra) e valorizar a decisão.
  7. Se a criança não cumprir a regra acordada, não é o momento para deixar de acreditar nela, mas de deixar a criança vivenciar as consequências. Só depois dessa vivência se deverá ter uma nova conversa para acertar novamente as “Regras e Acordos”, passando de novo a responsabilidade da resolução do problema para a criança/jovem.

Quando as regras são combinadas e não impostas, os acordos viram regras! Inicialmente, poderá ser um processo mais moroso, mas a longo prazo, os resultados serão bem mais consistentes!

E afinal, honestamente, como é connosco, adultos?

Quem não prefere participar e ser ouvido nas regras da sua própria vida?

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FONTE: Instituto de Coaching Infanto-Juvenil, Método Core Kidcoaching

29
Jan21

Talentos e Pontos Fortes

Educação e Juventude

Sabias que apenas 20% das pessoas usam os seus pontos fortes e as suas próprias forças … de forma consciente e a seu favor, todos os dias?

Levamos uma vida à procura da nossa melhor versão, na busca "daquela" solução ... mas já Aristóteles dizia que para aumentar o nosso nível de felicidade temos de ser quem nascemos para ser!

Quando não utilizamos os nossos pontos fortes ou as nossas melhores forças no dia-a-dia, temos uma maior tendência para nos sentirmos menos capazes, mais enfraquecidos e mais desvigorados.

Contrariamente aquilo que o senso comum aponta, de que devemos desenvolver os nossos pontos fracos para ficarmos com as nossas capacidades mais “equilibradas” … alguns autores defendem que o nosso maior potencial de crescimento está nas áreas onde temos os nossos pontos fortes.

Ao elevarmos aquilo em que somos “bons” para um nível “excelente” temos mais probabilidade de nos sentirmos felizes e realizados e dessa forma nos sentirmos motivados e autoconfiantes para melhorar também as nossas áreas mais fracas. Pelo contrário, insistir em desenvolver aquilo em que não somos bons pode-nos levar a desenvolver crenças de autodesvalorização e de inferioridade que podem marcar uma vida inteira.

Todos somos génios. Mas se julgarmos um peixe pela sua capacidade de subir a uma árvore, ele vai levar a vida toda a acreditar que é estúpido  -  Einstein

Por isso, se desde criança, se identificarem os nossos talentos, se se investirem neles e se se tirarem deles o maior rendimento … certamente conseguiremos para a nossa vida uma qualidade acrescida. Educar as crianças valorizando, vivenciando, investindo e transformando os seus talentos em pontos fortes, não só materializa o respeito e a valorização da diferença interpessoal, como tirará significativas mais-valias dessas mesmas diferenças! Olhar a diferença como um valor acrescentado será certamente um maravilhosa oportunidade de crescimento e satisfação pessoal.

Não precisamos ser todos iguais. De outro modo, todos precisamos libertar o nosso maior potencial fazendo aquilo que sabemos fazer melhor e que adoramos fazer. O mundo agradece!

Os talentos são habilidades inatas, permanentes e únicas, que nascem connosco. Fazem parte do nosso potencial e que podem ou não ser expressos e incrementados através de conhecimentos e técnicas que os transformem em verdadeiros pontos fortes. As pessoas que usam os seus pontos fortes têm três vezes mais probabilidade de alcançar um excelente bem-estar e uma ótima qualidade de vida!

Ajudar as crianças e jovens a desenvolverem os seus talentos e pontos fortes é essencial para que estes venham a ter no futuro uma vida mais útil, produtiva e feliz!

Primeiro passo: começa por ti e confere quais são os teus talentos (e são tantos … alguns são certamente os teus!). Em jeito de check list:

  • ADAPTABILIDADE – capacidade de viver o momento, flexibilidade
  • ANALÍTICO – questionador, lógico, rigoroso
  • ATIVAÇÃO – rapidez, agir antes de pensar, executor
  • AUTOAFIRMAÇÃO – seguro, autoconfiante, capaz, assertivo, autónomo
  • CARISMA – curiosidade, interesse pelos outros, gosta de se relacionar, comunicador, liderança
  • COMANDO – opinioso, confrontador, decidido, líder, defensor da sua verdade
  • COMPETIÇÃO – compara-se para melhorar e vencer, foge do fracasso/derrota
  • COMUNICAÇÃO – boa expressão escrita e oral, inspirador e contador de histórias
  • CONEXÃO – constrói pontes entre pessoas, tem valores ligados ao bem comum
  • CONTEXTO – olha o passado para compreender o presente e decidir
  • CRENÇA – com valores essenciais duradouros, é confiável, ético e moral
  • DESENVOLVIMENTO – percebe e estimula o potencial das outras pessoas, busca um crescimento continuo
  • DISCIPLINA – cria rotinas e planos para se sentir seguro e controlar a situação, perfecionista
  • EMPATIA – coloca-se no lugar do outro e compreende o porquê das escolhas de cada um, comunica de forma assertiva
  • ESTUDIOSO – procura novas aprendizagens e conhecimentos
  • EXCELÊNCIA – perfecionista, desenvolve os seus pontos fortes até à excelência
  • FOCO – foca-se num propósito de vida e traça planos para lá chegar, líder e inspirador
  • FUTURISTA – visualiza o futuro e partilha essa visão com os outros
  • HARMONIA – procura entendimentos, evita o conflito, colocando os outros primeiro
  • IDEALISTA – criativo e original, é fascinado por ideias, associando-as numa cadeia lógica
  • IMPARCIALIDADE – justo e igualitário, defensor da justiça e da equanimidade
  • INCLUSÃO – inclui tudo e todos, sem diferenciação
  • INDIVIDUALIZAÇÃO – é bom observador de pontos fortes tirando o melhor de cada um, acredita que somos todos diferentes, únicos e especiais, não gosta de generalizações
  • IMPUT – grande curiosidade, quer saber tudo sobre tudo, colecionador/acumulador
  • INTELECTUAL – pensador, gosta de resolver problemas, socialmente isolado, introvertido
  • ORGANIZAÇÃO – controlador, prático, perfecionista, não gosta de caos
  • PENSAMENTO ESTRATÉGICO – abre caminhos, avalia obstáculos e seleciona a melhor opção
  • POSITIVISMO – sorridente, elogiador, encontra sempre o lado positivo da situação, bom humor
  • PRUDÊNCIA – cuidadoso, vigilante, reservado, antecipa perigos e planeia com rigor
  • REALIZAÇÃO – NO STOP, está sempre em ação, em concretização
  • RELACIONAMENTOS – procura proximidade interpessoal, profundidade e intimidade relacional, é sincero e verdadeiro nas relações
  • RESPONSABILIDADE – confiável e disponível para os outros, assume responsabilidade por tudo o que se envolve, não perdoa as suas próprias falhas
  • RESTAURAÇÃO – encontra soluções e resolve problemas, torna o mundo mais perfeito
  • SIGNIFICÂNCIA – necessita do reconhecimento, aprovação e valorização alheia, independente, gosta de fazer as coisas à sua maneira, quer ser excecional.

A combinação de diversos talentos associados ao desenvolvimento de técnicas e conhecimentos específicos, constituem os nossos pontos fortes, especiais e únicos, os quais nos caraterizam e … nos acrescentam valor, e também ... e sobretudo, acrescentam valor ao mundo!

Quais são os teus talentos?

Quais são os talentos do teu filho/a? Do teu aluno/a?

Como é que o mundo pode beneficiar ainda mais dos teus talentos?

Como podes ajudar o teu filho/a ou o teu aluno/a a identificar e a valorizar os seus talentos, de forma a que se sinta motivado para investir na sua transformação num verdadeiro ponto forte?

Fonte: ICIJ – Método GrowCoaching

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28
Dez20

As 9 Faces da Inteligência

Inteligências Múltiplas de Gardner

Vivemos uma era de mudança, já todos sentimos na pele e no coração, que nos últimos tempos muita coisa mudou e outra tanta está a mudar de uma forma cada vez mais rápida.

Atualmente, está a ser-nos pedido uma grande abertura de mentalidade, uma maior responsabilização pessoal e cívica, um (ainda) maior desenvolvimento da ciência e da tecnologia, novas formas de comunicação e de relação interpessoal, um novo modo de olhar o mundo, de viver e de expressar o melhor de cada um de nós …

Por isso, olho as crianças e jovens deste país e pergunto-me sobre o quanto a ESCOLA está a prepará-los para o futuro … quanto aprendem a ter um olhar diferente, a gostar de gostar de aprender, de criar e de empreender? O quanto a ESCOLA estimula o desenvolvimento do potencial individual de cada aluno e o prepara para as exigências dos novos tempos? E a resposta fica-me presa naquele enorme “nó na garganta” …

Einstein dizia que, à nossa maneira, todos somos génios … mas se julgarmos um peixe pela sua capacidade de subir a uma árvore, ele irá acreditar que é estúpido durante toda a sua vida. Não admira que a maioria dos jovens afirmem não gostar da escola – há muitos “peixes” por aí!

Aquilo que cada um de nós acredita ser a INTELIGÊNCIA HUMANA estrutura as nossas escolhas educativas, tanto a nível escolar como familiar. Se acreditamos num só tipo de inteligência estamos a formatar e a valorizar apenas esse padrão, e consequentemente, a reduzir ou a eliminar outras possibilidades de vivência, resolução e criação inteligente.

Para Piaget, o desenvolvimento da inteligência seguia etapas cronológicas. Habituámo-nos a ter esse referencial e a esperar que as crianças se desenvolvam todas ao mesmo ritmo e da mesma forma. E se isso não acontecer, “Ai, jesus, que a criança está atrasada!”

Mais recentemente, Gardner introduziu o conceito de INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, segundo o qual a inteligência dum individuo se pode expressar através de 9 HABILIDADES ou 9 COMPETÊNCIAS diferentes.

Falei delas num artigo anterior neste mesmo blog:

https://tempodeflorir.blogs.sapo.pt/ser-ou-nao-ser-inteligente-18366?tc=58625248331

Relembro agora as 9 Inteligências, segundo Gardner (por ordem alfabética, para que não se deduza que alguma é melhor ou mais importante que outra):

  • Inteligência Corporal-cinestésica
  • Inteligência Espacial
  • Inteligência Existencial
  • Inteligência Interpessoal
  • Inteligência Intrapessoal
  • Inteligência Linguística
  • Inteligência Lógico- Matemática
  • Inteligência Musical
  • Inteligência Naturalista

Para Gardner, as diversas inteligências não se expressam de modo igual em pessoas da mesma faixa etária, mas sim de acordo com as suas tendências biológicas e com o incentivo do ambiente em que se inserem. A conjugação destes fatores, faz com a inteligência de cada um de nós tenha características únicas e particulares – é isso mesmo: todos diferentes, todos inteligentes!

Atualmente, precisamos de gente flexível, com boa capacidade de adaptação à mudança, com uma diversidade de capacidades e habilidades que lhes possibilite desempenhar diversas funções e mudar de atividade, se for esse o caso. O tempo de uma única “carreira” ou de uma única “profissão” terminou. O tempo da procura dum “emprego pronto” também. Cada vez mais cada um desenvolve autonomamente a sua atividade profissional, empreende e experimenta, realiza e cria o seu próprio “emprego”.

Para a pergunta “O que queres ser quando fores grande?” existem agora múltiplas respostas! E para múltiplas opções … múltiplas inteligências!

Para Gardner, “poucos génios, são génios em tudo”, e por isso, não podemos pedir aos nossos jovens que sejam bons em tudo ou todos na mesma coisa, mas antes, que descubram os seus dons e talentos e os desenvolvam de forma a serem muito bons, mesmo excelentes nessa área.

Esta premissa é importante e representa uma mudança de paradigma educacional, pois se insistirmos no desenvolvimento das áreas mais fracas e descoráramos o desenvolvimento das áreas mais fortes, o que irá tendencialmente acontecer é que o desenvolvimento irá ficar nivelado por baixo e o individuo irá ficar frustrado por não conseguir “ser bom” em nada, irá acreditar que “não é inteligente” e poderá até sentir-se como alguém “incapaz” durante toda a sua vida.

Ao contrário, perceber quais são as áreas de inteligência preponderantes na criança ou no jovem e criar condições externas para a sua valorização e desenvolvimento, parece ter muito melhores consequências ao nível da sua autoestima, autoconfiança e motivação, e previsivelmente ao nível dos resultados obtidos.

Não precisamos de ser competentes em tudo – precisamos de ser excelentes naquilo em que somos bons! Contrariamente ao que se tem muitas vezes pensado, o maior potencial de crescimento de cada pessoa não está nas suas áreas fracas, mas nas suas áreas fortes.

Apenas 20% das pessoas adultas usam os seus pontos fortes com consciência e intencionalmente todos os dias. É necessário mudar o paradigma. Não somos nem temos de ser todos iguais. E certamente, podemos tirar muito mais proveito das nossas diferenças.

Encontrar aquilo que fazemos bem e saber aquilo em que somos bons é essencial. Quantos de nós, adultos hoje, depois de todos estes anos, ainda temos uma imensa dificuldade em identificar aquilo que são os nossos dons ou talentos? Porque será?

Se tivéssemos aprendido desde cedo a desenvolver ainda mais as nossas inteligências pessoais e únicas, talvez hoje soubéssemos quais os nossos pontos fortes e pudéssemos tirar um maior partido dos nossos talentos e dons.

O Programa TeenCoaching, através do Método GrowCoaching pode ajudar o adolescente a olhar para si mesmo como uma pessoa com um potencial inteligente multifacetado e diferenciado, abrindo novos caminhos de amor-próprio e de relação com os outros, bem como novos horizontes de satisfação e realização pessoal.

Fonte: ICIJ – Programa TeenCoaching - Método GrowCoaching

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21
Dez20

Crescer dói

Adolescência

Pois é … crescer dói. Ouvimos isso por aí. Mas talvez não seja só assim. Eu diria que crescemos na dor, mas também no amor. Este equilíbrio é o centro da vida e dum crescimento saudável.

Alvitro que não existe etapa da vida em que as mudanças de crescimento sejam mais bruscas do que na ADOLESCÊNCIA. Nesta fase, parece que acontece tudo ao mesmo tempo e que lhes está a ser pedido que se tornem adultos sem deixarem de ser crianças … por isso, não é fácil ser adolescente, pois eles sabem que já não são crianças, mas não obstante, por vezes ainda se sentem-se como tal.

É sabido que na adolescência acontecem em simultâneo várias transformações: físicas, psíquicas, emocionais e sociais. É por isso natural que no meio de tanta exigência, o adolescente se sinta dividido, vivendo inevitáveis crises de identidade, às quais estão associadas determinadas DORES PSICOLÓGICAS que, por não serem físicas, não são menos importantes e/ou relevantes.

É essencial que os adultos, pais e professores, que lidam com estes jovens conheçam e estejam atentos aos processos de transformação pelos quais os seus filhos/alunos estão a passar. O que não será muito difícil, pois nesta fase e no meio das suas crises ou stresses pessoais, eles “gritam” as suas dores para mundo. Os sintomas podem estar mais claros ou mais encobertos, podem ser expressos diretamente ou apenas manifestados no corpo, mas estão lá.

A partir dos 10/12 anos, alguns pais têm a tendência para “largar da mão” – “Ele já não é criança!”. Porém, é preciso ter consciência de que o jovem ainda não é adulto (o seu cérebro ainda está em formação) e que, nesta etapa da sua vida, ele se encontra sem bússola perante uma encruzilhada. Vai ter de experimentar para testar. E sem rede é mais duro e pode até ser perigoso!

Por isso, para que o adulto cuidador, através de uma maior aproximação ao jovem, consiga promover essa rede e transformar para melhor a sua relação com o adolescente, é importante que o pai/mãe conheça e esteja atento às “dores” do seu filho, tantas vezes sofridas em silêncio …

 Neste sentido, e para que cada vez mais pessoas possam ter esta consciência, vem a propósito divulgar ou relembrar as 7 DORES DO ADOLESCENTE.

Conhece quais são?

1 – ENCONTRAR O SEU LUGAR NO MUNDO … descobrir quem é, quais são as suas forças, o que tem de especial e único, e a partir daí escolher os seus valores e fazer as suas opções morais, espirituais e relacionais. A ausência duma identidade e duma definição interna gera no adolescente desconforto e conflito interno, muitas vezes inconsciente para si e para quem cuida de si.

2 – SENTIR-SE CONSTANTEMENTE INADEQUADO E JULGADO … ou pelas palavras do próprio adolescente, sente que nada do que faz está suficientemente bem e que por mais que se esforce, existe sempre algo em falta ou por corrigir. Vive com uma sensação constante de inadequação e uma dúvida recorrente sobre se é bem aceite e se corresponde às expectativas dos pais, pois estes não param de dar sugestões e opiniões sobre como deveria ser ou fazer.

3 – TER UM AMIGO E LIDAR COM ESSA RELAÇÃO … muitas vezes, nesta fase de grande intensidade emocional, a confiança e companheirismo vêm associados ao medo de “não ser amado” ou de “ ficar sozinho”, bem como a uma tendência para a subordinação afetiva e/ou para o ciúme. Alguns adolescentes não têm amigos e sentem-se mal por isso. Outros, estabelecem relações especiais de dependência. Em nenhum destes casos a situação é isenta de ansiedade e dúvidas existenciais.

4 – RELACIONAMENTOS AFETIVOS … a grande maioria dos adolescentes sente uma grande necessidade de ser aceite por alguém e de encontrar um “namorado/a” que goste dele/a. Não existe uma preocupação deliberada com as relações sexuais, mas de sim por “quem gosta de mim” e se “de quem eu gosto, gosta ou não de mim”. Tudo isto é vivido com grande intensidade emocional e com um sofrimento determinista sobre a incapacidade de vir a encontrar o seu parceiro ideal.

5 – LIDAR COM AS MUDANÇAS DO SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO … estando a passar um período de grandes transformações no seu próprio corpo, tendo um metabolismo acelerado e intenso, é natural e comum que o adolescente alterne entre estados anímicos de grande energia, alegria ou até euforia, e outros de grande cansaço, muita fome, mau humor e/ou de irritação. Esta fase requer uma especial atenção dos adultos, pois o jovem pode estar a ter determinados comportamentos … mas ele “NÃO É” esse comportamento. Ele é quem está e vai passar por isso!

6 – LIDAR COM A SUA APARÊNCIA FÍSICA … com o seu corpo a transformar-se na “imagem adulta” e com os rígidos e exigentes padrões de beleza que atualmente circulam nas redes sociais … admitamos que não é fácil lidar com tanta expectativa, o que inevitavelmente pode gerar altos padrões de ansiedade e um sentimento profundo de inadequação e insuficiência.

7 – LIDAR COM AS PRESSÕES ESCOLARES … de obtenção de bons resultados e de sucesso escolar, desportivo, etc., associada a uma cultura global de quase “alergia” ao erro e ao falhanço, é quase fatídico para o adolescente. E estas pressões vêm de todo o lado – dos pais, da escola/professores e da sociedade em geral (até dos amigos e dele mesmo!). “Falhar é mau!” e o “medo de errar e de por isso ser criticado” é real!

Ok, eu percebo que o meu filho passa por essas “dores” e eu até queria muito poder ajudá-lo … mas ele não fala comigo, isola-se e não quer estar com a família. Como posso chegar a ele?”

Estando presente, verdadeiramente presente, no tempo, no espaço e na aceitação empática, compreensiva, acolhedora, não-julgadora, confiante e incentivadora.

Ah, mas isso não é nada fácil. E depois? Isso chega? Vai dar resultado?”

Sim, por vezes não é nada fácil (mas é possível) e às vezes resulta, outras não. E é aí que o Programa TEENCOACHING pode ajudar o adolescente (se ele quiser) - e os pais também - a entender que pode ter os seus próprios pensamentos, e ao mesmo tempo ser capaz de ouvir e compreender os pensamentos dos adultos, o que irá criar no jovem uma nova condição de alívio e de adequação apaziguadora.

Crescer dói … mas pode doer menos ... ao adolescente e aos pais também!

Fonte: ICIJ – Programa TeenCoaching - Método GrowCoaching

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10
Ago20

Ser ou não ser inteligente ...

Inteligências Múltiplas de Gardner

Sou educadora por profissão e por missão. Toda a vida lidei com crianças e jovens em desenvolvimento e a forma de rotular os miúdos como mais ou menos inteligentes, sempre me deixou com algum desconforto, não só pelo rótulo ser prematuro como por ser pouco rigoroso ao se basear em generalizações a partir de situações muito particulares.

O Manel é mais ou menos inteligente comparado com o quê? Em relação ao quê? Em que contexto? E para quê? O que faz com que possamos afirmar que o Manel é, em termos gerais, mais ou menos inteligente que o João, ou prever que o Manel vai ter mais ou menos sucesso na vida que o João?

A minha história pessoal cruza-se um pouco com a história das “Inteligências”. Quando era criança ouvia falar de QI, ou seja o coeficiente de inteligência intelectual, mais ligado à lógica dedutivo-racional, à destreza linguística e á resolução de problemas de forma geral. Cresci e Daniel Goldman encontrou um outro tipo de inteligência – a emocional, muito ligada à forma como nos relacionamos com os outros e connosco mesmos. Foi quando o QE se juntou à equação da inteligência pessoal. Já adulta, comecei a ouvir falar dum outro coeficiente de inteligência – o espiritual, agora mais ligado aos aspetos existenciais da vida humana.

Contrariando aquela primeira noção de inteligência única e universal, em que a pessoa seria, de uma forma global, mais ou menos inteligente para tudo ... e seguindo o trilho das "novas inteligências" ... por força da minha atividade educativa, mais tarde contactei com a Teoria das INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS de Gardner.

Para Howard Gardner, cada indivíduo possui diversos tipos de inteligência ou dons, ou seja, possui uma determinada tendência para habilidades específicas, bem como para uma adaptabilidade a desafios de ordem e natureza diferenciada. Ou seja, todos temos aptidões e capacidades diversas que, interligadas, caracterizam a nossa inteligência e que nos permitem percecionar e lidar com o mundo de uma forma única e especial.

Mais tarde, Thomas Armstrong relacionou a teoria de Gardner com o contexto educativo, tendo descrito os vários tipos de inteligência como capacidades  específicas, as quais, na opinião de muitos especialistas, devem ser consideradas na elaboração dos currículos escolares.

Por ordem alfabética, para que não seja percecionado algum ascendente de umas sobre outras (para Gardner todos os tipos de inteligência têm a mesma ordem de importância e/ou de valor), aqui ficam os vários tipos de inteligência:

Inteligência corporal-cinestésica: capacidade de usar do corpo (como um todo) para atingir objetivos e expressar ideias e sentimentos (ator, mímico, atleta ou dançarino) e/ou no uso das mãos para criar, produzir ou transformar coisas e objetos (artesão, escultor, mecânico ou cirurgião, artistas plásticos).

Inteligência espacial: capacidade de observar o mundo e os objetos de diferentes perspetivas e de se orientar com precisão no mundo tridimensional (caçador, escoteiro ou guia) e/ou de transformar essas perceções com criatividade (decorador de interiores, arquiteto, artista, jogador de xadrez ou inventor).

Inteligência existencial:  capacidade de refletir, ponderar e inspirar na busca por um sentido da vida/morte e/ou na contextualização da existência humana de um modo geral (líderes espirituais).

Inteligência interpessoal: capacidade empática de perceber e reconhecer nos outros as suas necessidades, intenções, motivações e sentimentos, bem como de se relacionar com respeito por todos os intervenientes (terapeutas, professores, líderes políticos, psicólogos, advogados, atores e vendedores).

Inteligência intrapessoal:  capacidade de se autoconhecer e de se autorregular, ou seja, de identificar, compreender, aceitar e transformar carateristicas e sentimentos próprios, bem como de agir em conformidade com esse conhecimento (desenvolvimento pessoal).

Inteligência linguística:  capacidade de dominar a linguagem e de usar de modo oral, escrito ou gestual, as palavras e símbolos de forma eficaz e criativa (poetas, escritores, oradores, políticos, advogados, jornalistas, publicitários e vendedores).

Inteligência lógico-matemática: capacidade de raciocinar e de usar os números de forma eficaz para fazer análises, resolver problemas e tirar conclusões (cientistas, economistas, advogados, físicos e matemáticos).

Inteligência musical: capacidade de ler, interpretar, transformar e se expressar de forma musical (músicos executantes e compositores).

Inteligência naturalista:  capacidade de compreender, identificar e categorizar os objetos e as questões relacionadas com a natureza - como espécies animais e vegetais ou fenómenos relacionados com o clima, geografia ou fenômenos naturais, ou ainda com a sustentabilidade do planeta (ambientalistas, geólogos e biólogos).

Para Gardner, todas as pessoas têm em si todo o potencial de inteligência, ou seja, todos os tipos de inteligência, embora, e de acordo com a sua essência e com as condições de aprendizagem e crescimento, possam não estar  desenvolvidos na mesma medida. Por conseguinte e de um modo geral, independentemente da profissão, em algum momento da vida e de acordo com as circunstâncias, todos nós somos desafiados a usar as nossas diversas inteligências e habilidades específicas, ou seja, a usar todo o nosso potencial.

 

É por este motivo que cada vez mais se pede às escolas que não organizem os seus currículos e atividades educativas centradas apenas no desenvolvimento das inteligências linguística e lógico-matemática.

Cada vez mais a educação tem de ser abrangente e integradora de todos os tipos de inteligência, preparando assim os nossos jovens para uma vida com mais recursos e com mais probabilidades de vivencia de todo o seu potencial.

O Ministério da Educação já deu um primeiro e importante passo quando lançou o "Perfil do Aluno". Cabe agora aos pais e às escolas dar o passo seguinte, englobando na prática (não só na teoria) e em circunstâncias de equanimidade, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de todas as nove faces da inteligência humana.

Todos somos diferentes. Todos somos inteligentes. 

E tu? Quais são os teus tipos de inteligência preferenciais?

Quais são os teus dons? 

Faz o teste aqui: https://www.idrlabs.com/pt/inteligencias-multiplas/teste.php

 

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Para saber mais:

https://tempodeflorir.blogs.sapo.pt/as-9-faces-da-inteligencia-22247?tc=59413779663